quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Se é natural é bom. Se é químico é mau. Certo? Hum...

“Se é natural é bom. Se é químico é mau. Certo? Hum...

Devemos temer os químicos? A pergunta é pertinente e atual, uma vez que a quimiofobia – um receio exagerado relativamente a produtos químicos ou, num sentido mais lato, à química em geral – aparece disseminada em alguns segmentos da sociedade, em particular entre os adeptos de um estilo de vida “alternativo e natural”. Mas fará sentido uma dicotomia “químico versus natural”? 👍 ou 👎

Na sequência de informação veiculada na internet sobre o monóxido de di-hidrogénio (MDH), um produto químico com características algo assustadoras, várias petições têm circulado para que esta substância seja banida.”
Esta petição foi assinada por vários, de acordo com a notícia, sem se aperceberem que estavam a banir a ÁGUA!!! Porque de facto monóxido de di-hidrogénio não passa de H₂O.

“A pergunta persiste: devemos temer os químicos no geral? A verdade é que a existência de substâncias químicas no solo, nos alimentos ou no nosso organismo, por si só, não é indicadora de perigo. O que interessa saber é qual a substância e qual a quantidade. Por outras palavras, o que faz o veneno é a dose. Isto é verdade para qualquer substância, quer estejamos a falar de produtos sintetizados ou de produtos naturais. Existem valores tabelados para a ingestão segura de determinados compostos. Apenas quando os valores ultrapassam esses limites é que existe risco de toxicidade para o nosso organismo. Abaixo desses valores, podem ser inofensivos ou até mesmo benéficos. 

Exemplo disto, apesar de gerarem com frequência receios, são os aditivos alimentares, reconhecidos pela letra E seguida de um número de três algarismos, na lista de ingredientes de um alimento processado. Por vezes, surgem acompanhados do seu nome químico. Olhando para um exemplo, é normal que tenhamos dúvidas sobre o que estamos a consumir quando vemos “E 300 – ácido ascórbico”. Estranho, não é? Mas esse é o nome da vitamina C, que é adicionada às carnes para evitar que fiquem rançosas.”



                                                       E 300 - Ácido ascórbico


“Não é de todo impossível que um aditivo que se pensava ser seguro possa, por exemplo, provocar efeitos adversos em algumas pessoas mais sensíveis, como reações alérgicas, por exemplo, mas muitos destes compostos são utilizados para garantir a segurança dos alimentos e evitar intoxicações alimentares, não servem apenas para tornar os produtos mais saborosos e apresentáveis. Portanto, existe também uma componente de risco-benefício a ser considerada. 

Aproveitando-se da narrativa simplista de que os produtos artificiais são, por inerência, mais perigosos, o mercado apresentou os produtos naturais como a solução para todos os receios e desconfianças. Mas os produtos naturais, vendidos como alternativas, não são necessariamente mais seguros. Desde produtos naturais nocivos a produtos que de natural nada têm, a oferta é variada.”


Este artigo só nos demonstra como podemos facilmente ser enganados! E como a ignorância pode ser a nossa maior inimiga.

(Excertos do artigo publicado na VISÃO 1286 de 26 de outubro)


Adriana Gonçalves
Adriano Martins 
Daniela Rodrigues
Inês Cabrita
    12º N1/N2



2 comentários:

  1. Muito boa crítica! É quase como dizer que há alimentos que podem ser biológicos ou não. Não serão todos orgânicos? Poderão não ser alguns mais ecológicos que os outros, mas serão certamente todos biológicos.

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    1. Concordamos perfeitamente, até porque uma parte da indústria associada aos produtos biológicos apresenta publicidade enganosa!

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