“Se é
natural é bom. Se é químico é mau. Certo? Hum...
Devemos
temer os químicos? A pergunta é pertinente e atual, uma vez que a quimiofobia –
um receio exagerado relativamente a produtos químicos ou, num sentido mais
lato, à química em geral – aparece disseminada em alguns segmentos da
sociedade, em particular entre os adeptos de um estilo de vida “alternativo e
natural”. Mas fará sentido uma dicotomia “químico versus natural”? 👍 ou 👎
Na
sequência de informação veiculada na internet sobre o
monóxido de di-hidrogénio (MDH), um produto químico com características algo assustadoras, várias
petições têm circulado para que esta substância seja banida.”
Esta
petição foi assinada por vários, de acordo com a notícia, sem se aperceberem
que estavam a banir a ÁGUA!!! Porque
de facto monóxido de di-hidrogénio não passa de H₂O.
“A pergunta persiste:
devemos temer os químicos no geral? A verdade é que a existência de substâncias
químicas no solo, nos alimentos ou no nosso organismo, por si só, não é
indicadora de perigo. O que interessa saber é qual a substância e qual a
quantidade. Por outras palavras, o que faz o veneno é a dose. Isto é verdade
para qualquer substância, quer estejamos a falar de produtos sintetizados ou de
produtos naturais. Existem valores tabelados para a ingestão segura de
determinados compostos. Apenas quando os valores ultrapassam esses limites é
que existe risco de toxicidade para o nosso organismo. Abaixo desses valores,
podem ser inofensivos ou até mesmo benéficos.
Exemplo disto, apesar de
gerarem com frequência receios, são os aditivos alimentares, reconhecidos pela
letra E seguida de um número de três algarismos, na lista de ingredientes de um
alimento processado. Por vezes, surgem acompanhados do seu nome químico.
Olhando para um exemplo, é normal que tenhamos dúvidas sobre o que estamos a
consumir quando vemos “E 300 – ácido ascórbico”. Estranho, não é? Mas esse é o
nome da vitamina C, que é adicionada às carnes para evitar que fiquem
rançosas.”
E 300 - Ácido ascórbico
“Não é de todo impossível que um aditivo que se pensava ser
seguro possa, por exemplo, provocar efeitos adversos em algumas pessoas mais
sensíveis, como reações alérgicas, por exemplo, mas muitos destes compostos são
utilizados para garantir a segurança dos alimentos e evitar intoxicações
alimentares, não servem apenas para tornar os produtos mais saborosos e
apresentáveis. Portanto, existe também uma componente de risco-benefício a ser
considerada.
Aproveitando-se da
narrativa simplista de que os produtos artificiais são, por inerência, mais
perigosos, o mercado apresentou os produtos naturais como a solução para todos
os receios e desconfianças. Mas os produtos naturais, vendidos como
alternativas, não são necessariamente mais seguros. Desde produtos naturais
nocivos a produtos que de natural nada têm, a oferta é variada.”
Este artigo só nos demonstra
como podemos facilmente ser enganados! E como a ignorância pode ser a nossa
maior inimiga.
(Excertos do artigo
publicado na VISÃO 1286 de 26 de outubro)
Adriana Gonçalves
Adriano Martins
Daniela Rodrigues
Inês Cabrita
12º N1/N2
Muito boa crítica! É quase como dizer que há alimentos que podem ser biológicos ou não. Não serão todos orgânicos? Poderão não ser alguns mais ecológicos que os outros, mas serão certamente todos biológicos.
ResponderEliminarConcordamos perfeitamente, até porque uma parte da indústria associada aos produtos biológicos apresenta publicidade enganosa!
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