O grupo da
Marta Faustino, da
Inês Agostinho e da
Ana Tomescu está, no seu trabalho de investigação, a desenvolver a temática “
Química e a indústria” e selecionaram uma notícia que divulga o trabalho desenvolvido por uma
investigadora da
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sobre uma bateria sólida
mais segura do que as "tradicionais", evitando curto-circuitos e
explosões, capaz de armazenar mais energia, "não poluente" e
produzida com materiais ecológicos.
Data da notícia 11/05/2017
Uma investigadora da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto desenvolveu uma bateria sólida mais segura
do que as "tradicionais", evitando curto-circuitos e explosões, capaz
de armazenar mais energia, "não poluente" e produzida com materiais
ecológicos.
Esta inovação surge "da necessidade de se fazerem baterias seguras,
sem eletrólito (substância que se dissolve para originar uma solução que conduz
eletricidade) inflamável, que é, atualmente, utilizado nas baterias de ião
lítio", disse à Lusa a investigadora do Departamento de Engenharia Física
da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Maria Helena Braga,
responsável pela investigação.
Estas baterias agora desenvolvidas, para além dos elétrodos sólidos,
encontrados também nas baterias de ião de lítio, têm um eletrólito em vidro,
que impede a formação de dendritos (curto-circuitos internos).
De acordo com a investigadora, nas baterias de ião de lítio, os
dendritos "crescem como lanças", atravessando o separador que divide
os dois elétrodos sólidos e fazendo um curto-circuito que vai aquecer a bateria
levando, eventualmente, à sua explosão.
Estas baterias agora desenvolvidas, para além
dos elétrodos sólidos, encontrados também nas baterias de ião de lítio, têm um
eletrólito em vidro, que impede a formação de dendritos (curto-circuitos
internos).
Tem ainda a vantagem de poder operar em
temperaturas muito baixas, outro benefício relativamente às baterias de lítio
atuais.
Maria Helena Braga, 45 anos, publicou pela
primeira vez sobre a tecnologia de eletrólitos de vidro em 2014, quando
desenvolvia investigação na FEUP, tendo recebido, nessa altura, um contacto do
investigador norte-americano da Universidade do Texas (Austin, Estados Unidos),
Andy Murchison, que conhecia bem John Goodenough, o inventor das baterias de
iões de lítio, com o qual foi "desafiada" a trabalhar.
"Durante um ano vim muitas vezes a
UT-Austin e, em fevereiro de 2016, pedi equiparação a bolseiro para fazer
trabalho em baterias com lítio-metálico que não podia fazer na FEUP",
referiu, acrescentando que, até julho, o objetivo "é aproveitar" esta
estada nos EUA e a "possibilidade de trabalhar de perto com tecnologia e
equipamento de ponta".
Segundo a investigadora, as razões que a levaram
a desenvolver este projeto em Austin devem-se ao facto de, na altura em que foi
iniciado, não ter um laboratório na FEUP nem uma caixa de luvas com as quais
pudesse trabalhar em atmosfera de gás inerte, com metais como o lítio e o
sódio, que são "muito reativos ao ar".
A investigação, iniciada em 2013, conta,
atualmente, com a colaboração dos investigadores Joana Espain, do Departamento
de Engenharia Física da FEUP, e com o Jorge Ferreira, do Laboratório Nacional
de Energia e Geologia (LNEG).
Segundo um comunicado divulgado recentemente
pela Universidade do Texas, apesar de os anúncios sobre novas tecnologias de
baterias serem frequentes, esta investigação está a ser vista como muito sólida
e a tecnologia anunciada tem fortes possibilidades de ser industrializada
rapidamente.
A especialista, que vai continuar este
projeto quando regressar a Portugal, é formada em Física do Estado Sólido e
Ciências dos Materiais, doutorada em Engenharia Metalúrgica e Materiais, na
Universidade do Porto, e professora auxiliar no Departamento de Engenharia
Física da Universidade do Porto, desde 2002.
Entre 2008 e 2011 trabalhou nos "Los
Alamos National Laboratory", nos Estados Unidos, tendo, até à data, nove
patentes e mais de 40 artigos publicados em revistas internacionais.
John Goodenough, considerado o pai das
baterias de iões de lítio e Maria Helena Braga, investigadora da FEUP